Visibilidade transgênero no Brasil

Em 29 de janeiro é comemorado em todo o Brasil o Dia da Visibilidade de Travestis e Transexuais, reconhecidos por organizações sociais e representações do governo federal, como o Ministério da Saúde — que em 2004 lançou a campanha nacional “Travesti e Respeito” (primeira do gênero no país direcionada para a população trans), cujo objetivo foi sensibilizar educadores e profissionais de saúde e motivar travestis e transexuais a exigirem sua cidadania e promoverem sua autoestima. Desde então, algumas cidades brasileiras programam atividades para celebrar a ocasião.

Apesar de haver pessoas transexuais nos diferentes espaços sociais, políticos, técnicos ou acadêmicos, a sua visibilidade, nos meios de comunicação em particular, é concentrada no aspecto marginal ou criminal, e pouco no cotidiano e demandas.

Pessoas transgênero (travestis ou transexuais) que buscam legalmente adequar o seu registro civil ao nome e ao gênero com o qual se identificam encontram obstáculos desumanizadores, sendo em geral demandadas, mesmo as que não desejam, a se submeterem a arriscadas cirurgias de redesignição genital para que lhes seja concedido o direito fundamental à identidade.

“Por um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres”

Rosa Luxemburgo

Um estudo apresentado no Instituto de Psicologia da USP aponta que o transexualismo não está associado à personalidade psicótica, em contraposição à teoria lacaniana desenvolvida nos anos 1950. De acordo com a teoria, psicanalistas acreditavam que a perda da noção da realidade do corpo faria com que um homem se enxergasse mulher e vice-versa.

Segundo o estudo “Transexualismo, psicanálise e gênero: do patológico ao singular”, o desejo de ser do sexo oposto não implica em uma patologia ou uma disfunção da percepção da aparência, mas uma singularidade de algumas pessoas.

No site Círculo Psicológico, “o psicólogo Rafael Cossi, autor da pesquisa, trabalhou com várias noções da psicanálise lacaniana para pontuando por que algumas pessoas buscam viver suas vidas como se fossem do sexo oposto”.
Ainda no site:

Segundo Rafael Cosi, e necessário perceber o transexualismo como uma singularidade de cada pessoa é entender a personalidade de cada uma delas e fugir dos estereótipos.  “Transexual não é apenas a pessoa que solicita a cirurgia de mudança de sexo. Há homens que vivem como mulheres e mulheres que vivem como homens mesmo com o órgão sexual oposto. Eles lidam bem com isso e sentem que não precisam fazer a cirurgia. Para muitos deles, sua redesignação civil, a mudança de nome, já lhes é suficiente, assim como o reconhecimento e o respeito do outro.”

Veja o vídeo Abujamra entrevista o transexual João Nery

Cirurgia de redesignação sexual e documentação adequada são apenas duas das difíceis etapas e angústias por que passam aqueles que buscam concordância entre a anatomia e o psíquico.

A forma de abordar a transexualidade no âmbito da Saúde coloca questões importantes para a Psicologia e para os psicólogos. O tema ainda é objeto de amplos debates, entre os quais se destaca a caracterização da transexualidade como doença, o que traz uma série de desdobramentos para os profissionais e para a população atendida.

A transexualidade se encontra formalmente classificada no Código Internacional de Doenças (CID 10), elaborado pela Organização Mundial da Saúde e é referida, ainda, como “Transtorno de Identidade de Gênero”, pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM IV). Há, no entanto, um movimento pela despatologização da transexualidade que avança em diversas partes do mundo, incluindo o Brasil. Sua principal vitória foi alcançada em fevereiro de 2010, quando a França deixou de considerar a transexualidade como doença.

Críticos da patologização, como a socióloga Berenice Bento, autora do livro “A reinvenção do corpo: sexualidade e gênero na experiência transexual”, sustentam que não existe um exame clínico que conduza à produção de um diagnóstico. Ocorre que a caracterização da transexualidade como doença tem servido para garantir a realização de cirurgias, notadamente no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Quer saber mais sobre o assunto veja nos links abaixos :

http://www.circulopsicologico.com.br/transexualismo-nao-esta-associado-a-personalidade-psicotica/

http://transgrupotmp.blogspot.com/

http://soutranshomemedai.webnode.com/

http://matizesfeministas.blogspot.com/2011/12/multiplicidade-de-corpos.html

http://mcaetanoz.wordpress.com/2011/11/07/a-pele-que-habito-mas-que-nao-e-minha/

http://www.ftmbrasil.org/

http://mcaetanoz.wordpress.com/

http://www.youtube.com/watch?v=FgyglOFg15Q

http://psiquecienciaevida.uol.com.br/ESPS/Edicoes/22/artigo66260-3.asp

http://www.crpsp.org.br/portal/comunicacao/jornal_crp/168/frames/fr_conversando.aspx

“O que me interessa é a diferença. Interessa-me a voz das margens, a poesia dos rebeldes, dos bêbados, dos discriminados, tipos que não encontram quem os ouça e que têm a verdadeira experiência dos abismos”   (Inês Pedrosa)

INDICAÇÃO DE FILMES:

Transamérica é a história de um transexual masculino chamado Bree que, uma semana antes de fazer a cirurgia definitiva para mudar de sexo, descobre ter um filho de 17 que precisa de ajuda. A sua psicóloga proíbe que ela se submeta à cirurgia sem resolver esse assunto, por isso Bree viaja até Nova Iorque para encontrar o filho. Num autêntico road movie, Bree e o filho iniciam a viagem de volta para São Francisco e, no caminho, muita coisa acontece.

Este filme retrata a vida de um transexual e das dificuldades sentidas por ele, dos processos pelos quais os transgêneros passam para afirmar a sua verdadeira identidade e os preconceitos da sociedade relativamente a eles.

Esta é uma questão que suscita vários problemas, nomeadamente a desintegração destes indivíduos na sociedade, o que os leva a manifestarem em apelo dos seus direitos como indivíduos.

Minha Vida em Cor-de-Rosa , de Alain Berliner, conta as desventuras do garoto Ludovic (o ótimo Georges du Fresne). Ele cresce imaginando que nasceu no corpo errado: na verdade, acredita ser uma menina. Logo na primeira sequência, aparece em uma festinha promovida pelos pais para atrair a nova vizinhança em um lindo vestidinho. A impressão e o mal-estar não saem das cabecinhas dos vizinhos, que começam a pressionar e ridicularizar o garoto.

A rejeição se estende aos pais, aos colegas e a qualquer um que se aproxime de um sintoma de homossexualidade tão latente. Ludovic refugia-se do tormento em um mundo róseo, onde só cabem a boneca Pam, uma Barbie espevitada, e o apoio afetivo da avó (Helene Vincent).


Leave a Comment