Doutoranda em Saúde Pública pela ENSP, a médica Helena Garbin concedeu entrevista ao jornal O Globo, quando comentou os riscos do autodiagnóstico e da automedicação com a popularização da internet no país. A reportagem aborda a busca por informações de saúde na web e alerta para a importância de conferir os resultados encontrados.
Conferir informações com o profissional de saúde que o/a acompanha e buscas em fontes oficiais são dicas de como não acreditar em dados errados.
– Adquirir informação sobre saúde pode gerar a busca por uma opção de vida dita saudável. Por outro lado, pode gerar uma ansiedade fenomenal nas pessoas. Por exemplo, se você tem uma doença degenerativa, entra na internet, começa a ler sobre adoecimento e ver fotos das pessoas com sequelas daquela doença – afirma Helena Garbin, da Fiocruz, que completa: – É claro que as pessoas sempre tiveram avó, livros, vizinhos, mas a quantidade de informação e a facilidade da web são insuperáveis.
A especialista explica que o autodiagnóstico e a automedicação não dependem da qualidade da informação. Muitas vezes, os dados estão corretos, mas os tratamentos são individualizados: cada pessoa reage de forma diferente.
– Você pode encontrar respostas para seus sintomas, achar que tem determinada doença, tomar o remédio e vir a morrer, porque aquela não era a melhor terapia para você, porque você não podia tomar aquela medicação, ou porque aquela não era a sua doença.
Para evitar este tipo de problema e usar a web para adquirir mais conhecimento, melhorando sua relação com o médico, Helena, Wilma e Gerson Zafalon, do Conselho Federal de Medicina, são unânimes em dizer que a melhor forma de lidar com a informação sobre saúde é conferi-la com o médico.
– À medida que as pessoas têm cada vez mais dúvidas e questionamentos, buscam outras fontes e passam a acreditar nelas, o autodiagnóstico tende a crescer. Mas o legal é o paciente que busca, leva dúvidas e informações ao médico. Facilita o trabalho, leva novidades e ajuda na relação, defende Helena.
Sites oficiais, de universidades, de governos, inclusive o do Ministério da Saúde, entram na lista de fontes de informação confiáveis. Mas as comunidades virtuais de pacientes que se reúnem para falar sobre médicos, tratamentos e sintomas também levam crédito, por permitirem a troca de experiências que só quem enfrenta uma doença tem.
Outra dica, diz Helena, é consultar sempre a parte do “quem somos” do site, onde as pessoas podem conferir mais informações sobre os autores, o que pode dar mais segurança ao leitor. Além disso, a comparação com outros sites é bem-vinda.
– Considere a internet como instrumento útil para mais informações sobre um problema. Porém, isso jamais substituirá a relação médico-paciente, defende Gerson.
Fonte: dia 04/02/2012 O Globo
Regina Maria Faria Gomes