Por uma Boa Noite de Sono

Dormir é uma das coisas mais complexas que o ser humano faz. Você já se perguntou por quê? Durma bem que lhe faz bem. Tudo parece melhor depois de uma boa noite de sono. O ditado popular parece simplório, mas exprime o que importa para a qualidade de vida: uma noite bem dormida. Entretanto, não são todas as pessoas que podem se beneficiar desse prazer.

Uma maneira de entender por que dormimos é ver o que acontece quando não dormimos o suficiente.E esta é exatamente uma realidade para 60% da população de São Paulo, porcentagem de pessoas que se queixaram de insônia segundo estudo epidemiológico realizado pelo Instituto do Sono.

Para o neurologista Luciano Ribeiro, do Instituto do Sono, os principais distúrbios do Sono são insônia, ronco, apneia do sono e sonolência excessiva. “As insônias ocorrem devido a transtornos físicos, ansiedade, estresse, depressão, fatores psicossociais, comportamentos alterados e fatores cognitivos. Já os roncos e apneias são causados por obstruções das vias aéreas durante o sono. Os transtornos costumam se apresentar mais na faixa adulta, sendo que a insônia ataca mais mulheres do que homens. Em geral, as pessoas mais velhas dormem menos devido a fatores físicos e alterações do ritmo circadiano próprio da idade”.

De acordo com a pesquisa, para 30% dos paulistanos a Insônia é um problema crônico, enquanto 15% dos entrevistados reconhecem que a privação do sono tem reflexos no dia seguinte. Ou seja, uma noite mal (ou nada) dormida interfere no modo como o indivíduo vai funcionar durante o dia. Sonolência, cansaço, prejuízo para a memória e para a atividade intelectual são as consequências mais comuns.

É nesse ponto que o problema deixa a esfera doméstica e ganha (ou deveria ganhar) o interesse social mais amplo, como as áreas de a educação e o trabalho aonde grande parte de nós dedica uma boa parte do seu tempo, e é nele que as consequências da privação de sono serão sentidas.

 

Círculo vicioso

Segundo a psicóloga Laura de Siqueira Castro, gerente do Instituto do Sono, a insônia e a apneia são os distúrbios de maior prevalência. A causa, no caso do primeiro, pode ser o estresse – desencadeado ou não por uma situação ligada ao trabalho. Já o segundo decorre de causas anatômicas, como a má formação da via aérea superior, ou fisiopatológicas, causadas pelo excesso de peso, por exemplo.

A especialista explica que as relações entre causas e consequências na seara da higiene do sono formam uma trama na qual um fator leva a outro até chegar a uma “cama de gato” nada confortável. Ela explica que quando o sono é fragmentado, ocorre a ativação do chamado eixo HPA (hipotálamo-pituitária-adrenal), o que resulta em uma maior liberação do hormônio cortisol, diretamente envolvido na resposta ao estresse. Mais “estressado”, o organismo não consegue se recuperar à noite. Resultado: sono durante o dia. Essa sonolência, por sua vez, pode levar ao aumento de peso, “porque se a pessoa está sonolenta e come um chocolate, por exemplo, isso vai aumentar o nível de serotonina do corpo que, em princípio, vai gerar um estado de alerta”, esclarece a psicóloga. No entanto, como esse “clique” é passageiro, a tendência é a pessoa recorrer a mais uma “dose” – seja de doce ou de alimentos gordurosos e ricos em carboidratos, que causam o mesmo efeito. “Dessa forma, o próprio distúrbio do sono pode causar obesidade que, por sua vez, causa distúrbios no sono”, analisa a psicóloga.

Entre outros fatores relacionados à insônia, aparecem a ingestão de bebidas alcoólicas, o uso de drogas, o tabagismo, o sedentarismo e o alto consumo de cafeína. Já entre os comportamentos prejudiciais mais comuns, alguns dizem respeito mais a quem tem uma rotina agitada, exigindo a atenção dos workaholics ( Trabalhador(a) compulsivo). Segundo tese apresentada por Laura na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) sobre o chamado índice de gravidade de insônia (IGI), algumas das variáveis que podem compor características associadas à insônia são o sono curto (menos de seis horas) e o hábito de ir para a cama tarde (depois da meia noite).

“Uma insônia que persiste de um a dois meses já está se encaminhando para uma insônia crônica”, alerta o neurologista Luciano Ribeiro, presidente da Associação Brasileira do Sono. Ele acrescenta: “Insônia não tem dica; tem tratamento”.

Na opinião de Ribeiro, a grande chave no tratamento da insônia é uma mudança de pensamento. “O insone vê a insônia como protagonista da vida dele e ele tem que deslocar esse sintoma como coadjuvante; ver o que realmente está acontecendo na vida desse indivíduo, qual é o problema maior que talvez ele tenha. Esse é o grande segredo”, diz.

Regina Maria Faria Gomes- Psicóloga- CRP 29086/6

 

Fonte: Canal RH – Por Júlio Caldeira e Veja Insônia

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