Mário Sérgio Cortella foi à fonte inspiradora para estas reflexões que partilho agora com vocês leitores e leitoras. Este autor faz a intrigante pergunta “Qual é a tua obra?“. Esta questão me fez ir numa viagem muito além da proposta deste livro, mas com certeza inquietações e angustias surgiram na tentativa de dar respostas a esta questão.
Difícil responder eu sei. Às vezes temos a intenção de sermos algo que não tivemos sequer tempo ou maturidade para desenvolvermos, porém é importante inquietar-se nesta na era de “tempos Velozes”
Algumas das indagações sobre a minha existência: o meu proposito e ser reconhecida? E aprender a aprender? E enfrentar a jornada de uma heroína? Saber que nada sei? Ser humilde? Aproveitar as oportunidades? Enfrentar meus medos? Entender a velocidade das mudanças? Combater um bom combate?
Foi necessário acessar o núcleo central de minha existência, pensar sobre como estou diante das relações que construí, do sentido que dou a todos os meus atos, ações, pensamentos e sentimentos. Dar-me conta do que tenho hoje. Do que deixei para trás em termos de marcas pessoais. Das cicatrizes que inevitavelmente tenho que dar significados. O que hoje estou realizando? Como esta o sono, alimentação, corpo, mente, espírito. Quem são meus relacionamentos pessoais, profissionais, sociais, amoroso e sexual. O que vibro para o amanhã?
Ainda não cheguei a grandes conclusões, apenas sei que estou no processo, atenta e vigilante, elaborando-o no dia a dia. Olho para as coisas e sei que elas não têm um fim em si mesmo, que existem razões mais importantes do que o imediato pode nos dizer, e assim, vou em busca deste sentido e assumindo a minha espiritualidade.
A espiritualidade é um sinal, um desejo que vem a tona quando precisamos refletir sobre nos mesmos, sobre o rumo que muitas situações e a nossa vida esta tomando. Ela é precedida pela angustia, ou seja, um sentimento sem objeto. Uma sensação de vazio interior.
Martim Heidegger filosofo alemão, dizia que a angustia é a sensação do nada. E ela é positiva num ponto, pois o nada é a possibilidade plena. Quando se pode sentir o “nada”, todas as opções se apresentam e todos os horizontes são possíveis.
A espiritualidade se faz presente como resposta a um desejo forte de a vida ter sentido, de ela não se esgotar no momento de transição, de turbulência em relações aos valores que cada um de nós vai se deparando no cotidiano.
Temos uma carência profunda e a necessidade urgente de a vida ser muito mais que a realização de um trabalho, ou de um fardo que se carrega no dia a dia.Angustiante e inquietante pensar na minha “Obra”, nos meus propósitos. O desafio da inspiração que esta pergunta nós traz é animadora quando estamos conectados e integrados ao nosso núcleo existencial, entendo que estas inquietações só um processo de dupla entrada, que beneficia a cada um e também as pessoas com quem nos relacionamos nesta travessia pela vida.
Regina Maria Faria Gomes- Especialista em Psicologia Clinica